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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

FINAL DE PASSIONE. QUEM CONCORDA?


“Se calarem a  voz das profetas, mil trilhas nascerão.

Os grandes vilões da novela Passione, na verdade, foram uma cafetina velha lascada e um  rico perverso fanfarrão e pedófilo, com todos os vícios que se possam imaginar de um aristocrata sem limites. O vilão rico morre, mas ninguém fica sabendo das suas mais ínfimas atrocidades, ele ainda sai de vítima. A cafetina é presa, mas ironicamente ainda diz que Deus é justo quando sabe da morte da neta que prostituiu, que mata e que sendo o grande bode expiatório na novela, na verdade é apresentada como sanguinária, malvada, imprestável, suja, interesseira. O autor cria ainda mais estigmas para as garotas de programas do que qualquer outra novela já criou.  Passa a idéia de que é porque Clara é má e perversa que se torna prostituta e não porque foi prostituída que tem comportamentos de vingança. Eu não quero justificar as atitudes de Clara...mas, só no último capítulo é que soubemos que ela fazia o que muitas de nós teríamos vontade de fazer ao assassinar o vilão pedófilo que a explorou a vida inteira. Mas, as garotas de programa não são assim. De fato, muitas começam ainda adolescentes, vítimas de exploração sexual, mas matam-se a si mesmas, perdoam e muitas vezes até respeitam seus agressores e agressoras cafetões e cafetinas. A facada de Clara em Saulo é a facada que nos lava a alma, que nos dá o sentimento de justiça que a justiça brasileira mimada na impunidade não faz; não resgata ninguém; não devolve e não repõe a dignidade e auto-estima perdida por toda essa imensa quantidade de meninas sexualmente exploradas em nosso país, obrigadas a servir anciões, obrigadas a venderem sua inocência.

A novela mostrou que a classe dominante é que é virtuosa, vítima e sofredora; a classe de trabalhadores pobres é cheias de vícios; a garota de programa que é perversa, assassina e culpada de tudo o que aconteceu com ela, e o filho do operário que é raivoso, vingativo e rebelde sem causa. Sempre causando problemas para as ricas mocinhas e mocinhos. O trabalhador virtuoso é o puxa-saco e submisso aos patrões que se dá bem, casa-se com a filha da patroa e ascende. Assim, é possível uma conciliação de classe, e os ricos continuam sendo bonzinhos que oferecem oportunidades e os pobres cheios de mágoas, revoltas e ignorância na busca de direitos. A novela foi tendenciosa demais!!!

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